Resumo: Artigo 35914
Toda pergunta tem resposta: o que os leitores da revista Ciência Popular desejavam saber sobre ciência (1948-1960) (48, 58, 90, 27)
Catarina Silva, Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, BrazilBernardo Oliveira, Universidade Federal de Mnas Gerais, Brazil.
Apresentação: Thursday, May 29, 2008 1:15PM - 3:15PM sala 210 - UNIRIO VII ESOCITE - Sessão 24 - Chair: Maíra Baumgarten
Abstract.
Após a Segunda Guerra Mundial, a educação e a divulgação científica no Brasil, encontraram nos meios de comunicação, principalmente jornais, revistas e rádio importantes canais de popularização. Embora esses meios estivessem desvinculados dos processos formais de educação, eles possuíam a propriedade de transmitir valores e padrões de comportamento, bem como suscitar a curiosidade e o interesse da sociedade para o conhecimento científico. O grande interesse pelas novas conquistas da ciência despertou, em parcela da população brasileira, a busca por novas informações na crença de que as possibilidades que a ciência apontava representavam uma solução para o desenvolvimento do país. A partir de 1950, o Brasil ingressa numa nova fase de seu projeto de modernização. O otimismo sobre os caminhos da modernidade era o reflexo das rápidas transformações econômicas, políticas e sociais as quais o país estava passando. Nesse período, a indústria brasileira começou produzir eletrodomésticos, alimentos industrializados, remédios, produtos de beleza e muitas outras inovações que transformaram a vida cotidiana do brasileiro. Nesse contexto, destacava-se a publicação da Revista Ciência Popular com um projeto editorial dedicado exclusivamente à vulgarização da ciência. A Revista Ciência Popular era uma publicação periódica mensal editada no Brasil entre 1948 e 1960. As seções da revista abordavam temas relacionados às ciências exatas e naturais, história da ciência, epistemologia, assuntos culturais variados, informes científicos e tecnológicos, curiosidades, informações a respeito de acontecimentos novos no âmbito científico, charadas, enigmas, além de suplementos com o objetivo de formar profissionais capacitados a lidar com as recentes inovações tecnológicas do período. A revista divulgava artigos de autoria do próprio diretor da publicação, Ary Maurell Lobo, e também aceitava colaboração de autores nacionais, sendo estes cientistas ou não. Freqüentemente, muitos artigos publicados eram traduzidos de revistas estrangeiras de divulgação científica, alguns outros eram oriundos de diversas agências jornalísticas. Apesar de na década de 1950, o acesso à informação para grande maioria da população, inclusive as relacionadas às atividades científicas ser muito restrito, visto que grande parte era analfabeta ou semi-analfabeta, a revista possuía uma alta tiragem (35.000 exemplares) de suas edições e sua distribuição abrangia todo o território nacional. Periodicamente, a revista apresentava uma seção de cartas, espaço destinado a esclarecer as dúvidas dos leitores a respeito das matérias publicadas, receber críticas e elogios. Sob o título Cartas ao Diretor Geral, a seção possibilitava também a manifestação dos leitores quanto à solicitação de temas, retirada e inclusão de seções. O diretor da revista respondia a todas as cartas com argumentos bem fundamentados e construídos, além de informar aos leitores se concordava ou não com as sugestões e críticas. As cartas publicadas nessa seção demonstram a interação do público-leitor com a revista e permitem analisar alguns aspectos da divulgação científica na época. Cabe ressaltar, que o diretor além de exercer quase todas as funções relativas à produção editorial, também definia os critérios para a seleção das cartas a serem publicadas. Propõe-se nesse trabalho, por meio do levantamento das indicações presentes nas cartas enviadas ao diretor Ary Maurell Lobo, delinear o perfil do leitor da publicação. Além disso, pretende-se perceber quais os temas relacionados à ciência se destacaram nas missivas, durante o período de circulação da revista, compreendido entre os anos de 1948 e 1960, ressaltando a relação dos assuntos com o contexto da época.